segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Redações feitas pelos alunos com base no preconceito linguístico

DIAS DE LUZ 
Passado um mês de sua chegada a Europa, Luma Rodrigues - uma mulher de 25 anos, alta, pele morena e olhos verde, tinha um jeito meigo e era bem atenciosa - ainda não havia encontrado um emprego. Seu país de origem era o Brasil, ela precisou migrar para a Europa, precisamente para Alemanha, pois estava acontecendo terrorismo dos partidos de oposição ao governo, causando desordem e miséria. Seu medo era que acontecesse algo grave consigo. Luma escolheu a Europa porque acreditava ter mais chances para conseguir um trabalho e também porque sua amiga Karla mudou-se para o local.
            Luma sabia que o início seria difícil, mas não imaginou que sofreria tanto preconceito. Sua amiga acolheu-a enquanto não conseguia ao menos um quarto para morar, mas isso não agradou Luma, afinal, não queria depender da amiga. Como se não bastasse não ter emprego e ser negra, o fato de ela falar alemão mal e com um forte sotaque baiano tornava sua vida mais complicada.
            Após duas ou três entrevistas de emprego, conseguiu um emprego não muito bom, baixo salário e que a desgastaria muito. Foi trabalhar como empregada doméstica, em uma família que lhe deu um porão sujo para habitar. Obviamente era um lugar pequeno, havia uma cama, um roupeiro e também ali havia uma estante com livros e uma mesa, a qual ela usou para ler e escrever poemas, a grande paixão dela. Era um lugar empoeirado e com pouca iluminação, tinha um odor terrível, mas isso foi logo resolvido.
            Seus patrões não conversavam muito com ela, porque não simpatizaram com a baiana e os comerciantes da região a exploravam, por ser brasileira e zombavam de seu sotaque e da sua dificuldade de falar alemão.  
            Como o baiano tem fama de preguiçoso, todos a viam como alguém que não se importava com nada. Isso incomodava muito Luma, pois ela era alvo de piadas e também de acusações quando algo não saía como desejado na casa de seus patrões. Ela estava lá com boas intenções, não queria mal a ninguém, essas acusações a deixava extremamente deprimida.
            Durante esse primeiro mês, sua vida não estava nada fácil. Por vezes pensou em desistir e voltar ao Brasil, mas algo lhe dava a certeza que ali era seu lugar, isso lhe dava forças para continuar e ter esperanças de que dias de luz virão.

            

Autora: Nicole Assmann
   

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