DIAS
DE LUZ
Passado um mês de sua
chegada a Europa, Luma Rodrigues - uma mulher de 25 anos, alta, pele morena e
olhos verde, tinha um jeito meigo e era bem atenciosa - ainda não havia
encontrado um emprego. Seu país de origem era o Brasil, ela precisou migrar para
a Europa, precisamente para Alemanha, pois estava acontecendo terrorismo dos
partidos de oposição ao governo, causando desordem e miséria. Seu medo era que
acontecesse algo grave consigo. Luma escolheu a Europa porque acreditava ter
mais chances para conseguir um trabalho e também porque sua amiga Karla
mudou-se para o local.
Luma sabia que o início seria
difícil, mas não imaginou que sofreria tanto preconceito. Sua amiga acolheu-a
enquanto não conseguia ao menos um quarto para morar, mas isso não agradou
Luma, afinal, não queria depender da amiga. Como se não bastasse não ter
emprego e ser negra, o fato de ela falar alemão mal e com um forte sotaque
baiano tornava sua vida mais complicada.
Após duas ou três entrevistas de
emprego, conseguiu um emprego não muito bom, baixo salário e que a desgastaria
muito. Foi trabalhar como empregada doméstica, em uma família que lhe deu um
porão sujo para habitar. Obviamente era um lugar pequeno, havia uma cama, um
roupeiro e também ali havia uma estante com livros e uma mesa, a qual ela usou
para ler e escrever poemas, a grande paixão dela. Era um lugar empoeirado e com
pouca iluminação, tinha um odor terrível, mas isso foi logo resolvido.
Seus patrões não conversavam muito
com ela, porque não simpatizaram com a baiana e os comerciantes da região a
exploravam, por ser brasileira e zombavam de seu sotaque e da sua dificuldade
de falar alemão.
Como o baiano tem fama de
preguiçoso, todos a viam como alguém que não se importava com nada. Isso
incomodava muito Luma, pois ela era alvo de piadas e também de acusações quando
algo não saía como desejado na casa de seus patrões. Ela estava lá com boas
intenções, não queria mal a ninguém, essas acusações a deixava extremamente
deprimida.
Durante esse primeiro mês, sua vida
não estava nada fácil. Por vezes pensou em desistir e voltar ao Brasil, mas
algo lhe dava a certeza que ali era seu lugar, isso lhe dava forças para
continuar e ter esperanças de que dias de luz virão.
Autora: Nicole Assmann